domingo, 14 de setembro de 2014

Boneca de Pano

Quando eu era pequeno minha mãe me deu um boneco de pano. Ele era todo bordado e tinha olhos de botão, eu gostava muito dele. Eu chamava ele de Robert e dormia com ele todas as noites.

Eu lembro que minha mãe fazia sempre uma brincadeira comigo. Eu ia dormir com o boneco e de manhã eu acordava sem ele. Quando eu ia perguntar pra minha mãe, ela fingia que não sabia aonde ele estava. Então, eu achava ele em algum lugar da casa escondido. Já achei ele na prateleira de livros, embaixo da cama, na cozinha, entre as almofadas do sofá, mas o lugar que ele mais ficava era perto da porta do sótão.

Minha mãe sempre negou que fazia essas brincadeiras e meu pai quase sempre passava a noite em outras cidades, pois ele viajava muito a trabalho. Eu sempre soube que era minha mãe que escondia o Robert, eu achava muito engraçado.

Um dia mamãe ficou doente, ela foi para o hospital. A minha tia ficou cuidando de mim por mais ou menos uma semana. Eu gostava muito da minha tia. Ela também estava sabendo da brincadeira e escondia Robert todos os dias enquanto eu dormia. Era divertido.

Tudo corria bem, menos com mamãe. Eu fui visitá-la um dia no hospital. Eu não entendia direito o quê tinha acontecido, meu pai falava que era a última vez que eu ia ver minha mãe. Ele me explicou que ela estava doente e não ia suportar essa noite. Tinha um furacão vindo para a cidade e minha mãe não ia sobreviver sem os aparelhos. Um tal de Katrina. Eu dei meu bonequinho Robert pra ela, assim eles podiam passar a noite juntos mais uma vez.

Nós estávamos indo embora de carro e eu tinha dormido no banco de trás. Eu acordei assustado e tentei abraçar o Robert e então, lembrei que tinha dado para mamãe. Eu olhei pra trás e vi o furacão chegando. Minha mãe morreu naquele dia. Dizem que o Catrina destruiu o hospital da mamãe completamente e que não sobrou nada dela nem do Robert, meu melhor amigo.

Isso que eu contei pra vocês aconteceu há uns dez anos. Acho que é por isso que eu não me lembro direito. Acontece que eu voltei para minha antiga casa ontem. Ela ainda estava em destroços. Eu vi então no meio daquela confusão de entulhos a porta do sotão. Meu boneco estava intacto na frente dele com uma carta.

"Eu estive te esperando. Por que você nunca voltou para brincar comigo?"

Quando eu era pequeno minha mãe me deu um boneco de pano. Ele era todo bordado e tinha olhos de botão, eu gostava muito dele. Eu chamava ele de Robert e dormia com ele todas as noites.

Eu lembro que minha mãe fazia sempre uma brincadeira comigo. Eu ia dormir com o boneco e de manhã eu acordava sem ele. Quando eu ia perguntar pra minha mãe, ela fingia que não sabia aonde ele estava. Então, eu achava ele em algum lugar da casa escondido. Já achei ele na prateleira de livros, embaixo da cama, na cozinha, entre as almofadas do sofá, mas o lugar que ele mais ficava era perto da porta do sótão.

Minha mãe sempre negou que fazia essas brincadeiras e meu pai quase sempre passava a noite em outras cidades, pois ele viajava muito a trabalho. Eu sempre soube que era era minha mãe que escondia o Robert, eu achava muito engraçado.

Um dia mamãe ficou doente, ela foi para o hospital. A minha tia ficou cuidando de mim por mais ou menos uma semana. Eu gostava muito da minha tia. Ela também estava sabendo da brincadeira e escondia Robert todos os dias enquanto eu dormia. Era divertido.

Tudo corria bem, menos com mamãe. Eu fui visitá-la um dia no hospital. Eu não entendia direito o quê tinha acontecido, meu pai falava que era a última vez que eu ia ver minha mãe. Ele me explicou que ela estava doente e não ia suportar essa noite. Tinha um furacão vindo para a cidade e minha mãe não ia sobreviver sem os aparelhos. Um tal de Katrina. Eu dei meu bonequinho Robert pra ela, assim eles podiam passar a noite juntos mais uma vez.

Nós estávamos indo embora de carro e eu tinha dormido no banco de trás. Eu acordei assustado e tentei abraçar o Robert e então, lembrei que tinha dado para mamãe. Eu olhei pra trás e vi o furacão chegando. Minha mãe morreu naquele dia. Dizem que o Catrina destruiu o hospital da mamãe completamente e que não sobrou nada dela nem do Robert, meu melhor amigo.

Isso que eu contei pra vocês aconteceu há uns dez anos. Acho que é por isso que eu não me lembro direito. Acontece que eu voltei para minha antiga casa ontem. Ela ainda estava em destroços. Eu vi então no meio daquela confusão de entulhos a porta do sotão. Meu boneco estava intacto na frente dele com uma carta.

"Eu estive te esperando. Por que você nunca voltou para brincar comigo?"

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