segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Os Filhos da Lua

Na cidade de Bisden, ninguém sai de casa após escurecer. Enquanto o sol se põe, as persianas são fechadas, velas são assopradas e portas são bem trancadas. Após a lua nascer, a cidade inteira parece estar deserta e o silencio reina.

“Você ouviu isso?” sussurra Freja, soando muito assustado e com medo na escuridão.
“Cale. A. Boca.” Seu irmão mais velho, Freud, sussurrou com os dentes cerrados enquanto encarava as janelas pretas da casa mais próximas a eles. Eles estavam provavelmente presos ali. Ninguém em sua sã consciência deixarias janelas destrancadas à noite. Não em Bisden, pelo menos.

“Eu te disse que não deveríamos brincar na floresta,” continuou Freja “Eu disse que devíamos voltar mais cedo.”

“E eu te disse para calar a boca,” Freud continuou. “Lamentar sobre o passado não muda o presente.” Freud olhou para sua irmã, tremendo no escuro. “Isso não muda a situação que estamos.”

Antes que Freja pudesse responder, o som rouco de uma risada infantil veio pelo vento.

Arrepios passaram pela nuca e pelos braços de Freud. Algo sobre aquele som parecia... errado.

“Talvez haja outro-.”, Freud apertou sua mão sobre a boca de Freja. Puxando-a para perto, ele recuou para as sombras do beco. Mais uma vez, o som espectral ecoou pelo ar. Freja se encolheu nos braços de Freud quando percebeu a magnitude da situação. Uma voz de criança, estranhamente distorcida, quebrou o silêncio da noite como um punho atravessando o vidro.

“Saiam, saiam, de onde vocês estão!”

A coisa cambaleou pela boca do beco – a alguns poucos pés do esconderijo de Freud e Freja. Aquilo tinha aproximadamente o tamanho de uma criança e era meio desengonçado, com seus praços dependurados grotescamento perto do chão – fazendo seu corpo desproporcional parecer um gorila.

Aquilo estava completamente pelado, e tinha uma pele tão branca que refletia o brilho da lua. A coisa virou a sua careca brilhante em direção ao beco enquanto o atravessava. Sua face era perfeitamente lisa, e inteiramente desprovida de características – exceto por um sorriso impossivelmente aberto sem lábios com a cor de sangue. Os cantos de sua boca pareciam se alargar de orelha à orelha. Freud sentiu um líquido quente passar pelas suas coxas enquanto sua bexiga vazava.

Freja choramingou.

A coisa parou no meio do caminho, com seu corpo rígido como pedra. Lentamente, ele virou seu torso enquanto encarava o beco. Ele tentou ir para a trás. Freja respirou tão fundo até que seu nariz começou a hiperventilar. Freud prensou sua mão sobre a boca dela, mas era tarde demais.

Numa velocidade absurda, a coisa virou sua cabeça para seu esconderijo, produzindo um estalar doentio de seu pescoço.
“Te achei!”

Na cidade de Bisden, ninguém sai de casa após o escurecer. Todos os dias, os jovens são severamente alertados para voltar para casa antes do entardecer. Eles sempre são avisados do mal que ronda as ruas pela noite. Eles sempre são avisados para ficar sempre em silêncio, pois, se eles te ouvirem – Os Filhos da Lua irão te rasgar de membro a membro.


Créditos: http://www.creepypasta.com/children-of-the-moon/#disqus_thread
Traduzido por: Paulo Guimarães

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